Realizou-se, no dia 16 de Julho de 2019, em Maputo, a IV Reunião do Comité de Direcção do Projecto de “Apoio ao Estado de Direito e à responsabilização dos Poderes Públicos em Moçambique”, visando a avaliação do grau de execução das actividades programadas do projecto pelas instituições beneficiárias, nomeadamente, a Assembleia da República, o Tribunal Supremo, a Procuradoria-Geral da República e o Gabinete Central de Combate à Corrupção.
A reunião dirigida pelo Vice-Presidente do Tribunal Supremo, contou com a participação do Vice-Procurador Geral da República, Embaixador e Chefe de Missão da Delegação da União Europeia e Consultores Séniores da Delegação da União Europeia, Secretários-Gerais e gestores do Projecto junto das instituições beneficiárias.
Apresenta-se a seguir o relatório da avaliação final e geral da execução do Projecto, feita pelos consultores da Delegação da União Europeia em Moçambique:
Principais resultados
O Projecto contribuiu para a manutenção ou mesmo a melhoria do funcionamento das instituições beneficiárias através do apoio ao seu funcionamento e às actividades desenvolvidas assim como para:
- Planificação e avaliação das estratégias
- Aquisição de bens e serviços
- Capacitação dos seus dirigentes e técnicos fora e dentro do país
Relevância
- O objectivo da Decisão e os objectivos específicos dos Contractos estão de acordo com as necessidades das instituições beneficiárias e com as políticas e prioridades da UE.
- Os objectivos específicos dos contractos alinham-se às funções da AR, PGR, GCCC e TS, dentro das suas políticas e prioridades.
- A UE apoia no fortalecimento das instituições que têm como papel principal garantir a observância dos princípios de estado de direito, da legalidade e de prestação de contas.
Eficiência
O que correu bem
- A decisão de estabelecer um único Centro de Dados para a PGR/GCCC e o TS no mesmo local economizou cerca de um terço dos custos em infra-estrutura e manutenção.
- A expansão do SEIJE para o resto do país e a sua eventual cobertura nacional não vai supor despesas adicionais ao sistema central, devido à sua arquitectura.
- A racionalização de recursos pelo TS permitiu alcançar outros resultados relevantes, como: o reforço do seu departamento de comunicação e actualização do seu website, bem como a realização de Seminários de implementação e divulgação do PETJ 2016 - 2020, em 4 Províncias do país.
- As formações aos membros do Parlamento, funcionários e deputados assim como aos membros do Ministério Público.
- A manutenção duma parte dos fundos do programa em Euros garantiu com que as actividades não fossem abaladas devido à inflação acima de um dígito do meticais.
O que correu menos bem
- O tamanho das residências dos magistrados do Ministério Público.
- O não funcionamento da parte das motorizadas financiadas pela falta de manutenção.
- A duração de cinco anos para a implementação do Sistema de Expediente e Informação Judicial Electrónico (SEIJE) o qual não se encontrava totalmente operacional até ao fim da missão da avaliação.
- O não alcance sistemático da comunicação entre a AR e os cidadãos e a escassa rendição de contas do trabalho dos deputados.
- A falta de apresentação do relatório de satisfação dos utentes do Ministério Público assim como da avaliação do seu plano estratégico.
- Os saldos financeiros a devolver por algumas instituições constituem aspectos que reduziram a eficiência do programa.
Valor acrescentado
As intervenções associadas à Decisão da UE adicionam um valor às intervenções dos Estados-Membros da UE em Moçambique. O desenvolvimento da Decisão da EU e respectivos Contratos constituíram-se em benefícios acrescidos
Eficácia
- O objectivo da Decisão de promover um sistema de governação mais equilibrado, através do reforço dos mecanismos de controlo e de equilíbrio entre as instituições do Estado não foi alcançado na sua totalidade
- A concepção dos projectos e dos QLs concentraram-se mais nas actividades do que nos resultados
- Houve uma eficácia adequada da implementação dos Contratos de subvenção se se considerar que a maior parte das actividades foram realizadas de forma satisfatória
Sustentabilidade
- O OE da PGR e TS apresenta-se como um factor crítico para a sustentabilidade do Centro de Dados (PGR e TS) e do sistema de gestão processual do GCCC e PGR
- Não obstante, foi possível ao TS, incluir uma verba no seu orçamento de 2019, para a manutenção do seu equipamento no Centro de Dados e para suporte ao SEIJE.
- A execução das inspecções não está assegurada sem o financiamento dos contratos assim como a capacidade de organizar formações.
- As missões de fiscalização da Assembleia da República também podem ter que ser limitadas.
Impacto
- A avaliação não mediu o impacto, pois ela teve lugar logo após o término da implementação da Decisão.
A avaliação de impacto requere algum tempo razoável após a fase da
implementação da intervenção.
Valor acrescentado pela UE
- As intervenções associadas à Decisão da UE adicionam um valor às intervenções dos Estados-Membros da UE em Moçambique. O desenvolvimento da Decisão da EU e respectivos Contratos constituíram-se em benefícios acrescidos
Coerência
- A intervenção da EU apresentou-se coerente com outras intervenções, na criação de capacidades institucionais.
- A intervenção da EU não se apresentou coerente na promoção de um sistema de governação mais equilibrado através do fortalecimento dos mecanismos de fiscalização e interdependência entre as instituições do Estado.
- As instituições beneficiárias não estabeleceram vínculos com outros programas apoiados por outros parceiros, e as sinergias são praticamente inexistentes.
Finanças
Instituição |
Orçamento |
Execução |
% |
Saldo |
Total |
Assembleia da República |
2.500.000 |
2.205.324 |
88.2% |
294.676 |
11.8% |
Tribunal Supremo |
2.000.000 |
1.878.779 |
93.9% |
121.221 |
6.0% |
Procuradoria-Geral da República |
2.300.000 |
2.063.157 |
89.7% |
236.843 |
10.3% |
Gabinete de Centra de Combate à Corrupção |
1.700.000 |
1.377.766 |
81.0% |
322.234 |
19.0% |
TOTAL |
8.500.000 |
7.525.026 |
88.5% |
974.974 |
11.5% |
Lições aprendidas
- Formar e assistir os beneficiários nos procedimentos da EU desde o início dos programas
- Falta de disponibilidade atempada do financiamento e impossibilidade de obtenção do 10% do saldo final dos contratos (CUT)
- A falta de concentração numa área específica dispersou a utilização dos fundos
- Fraca colaboração tecnológica e interoperabilidade de dados e informação (PGR, GCCC e TS)
Recomendações para novas intervenções
- Concentrar os apoios numa área específica
- Facilitar a implementação dos programas via uma entidade externa
- Dar mais prioridade aos processos de trabalho baseados em software aplicacional do que no hardware, software de base e infra-estruturas de rede
- Alargar o ecossistema TIC a uma maior interoperabilidade e partilha de dados com outros sistemas no âmbito de todos os órgãos de soberania, (INAGE, CEDSIF, SICRIM, DNRN, Autoridade Tributária, Tribunal de Contas, entre outros).
Transparência do processo legislativo e exercício da cidadania
- Recomenda-se o aprofundamento de projectos em curso e o desenvolvimento de novas iniciativas capazes de promover uma maior e melhor informação pública e estimular a participação dos cidadãos no processo legislativo e na realização de petições à Assembleia da República.